O que o advogado precisa saber sobre Inteligência Artificial

Diferentemente da “robotização” a Inteligência Artificial como o nome já diz, existe um processo cognitivo. Algumas empresas pelo mundo já vêm utilizando a IA no mundo jurídico. Estes softwares ou “robôs de cognição” não somente compreendem significados como também fazem correlações. Eles têm a capacidade de analisar milhões de dados e documentos em segundos, podendo sugerir decisões a serem tomadas. Mais uma vez, cabe mencionar que o uso da “computação cognitiva” não é algo tão novo.

Entretanto, após 2016, 2017 o acesso às tecnologias com valores mais acessíveis, o avanço mais veloz de algumas técnicas de aprendizagem como processamento de linguagem natural, aprendizagem de máquina, bem como o aumento da capacidade de processamento e armazenamento, chegando ao consumidor final de uma forma mais amigável em todos os sentidos fez com que se falasse do tema em todas as esferas. Inclusive no campo jurídico.

Este tema, mesmo já estando no mercado, mesmo nós já convivendo diariamente com estas ferramentas, em outras esferas. Como sempre, no meio jurídico existem extremos: uns já utilizam muito bem, outros juram que jamais chegarão perto do tema.

Ainda, existem alguns termos que parecem nos afastar ainda mais do tema. Porém, sem dúvida a cada dia que passa estas nomenclaturas farão cada vez mais parte do nosso cotidiano. Como por exemplo:

  • Big data
  • Small data
  • Machine learning
  • Deep learning
  • Data mind
  • Dados estruturados
  • Dados desestruturados
  • Volumetria
  • Legal Data Science

Significa que o profissional da Controladoria Jurídica, os gestores e sócios devem imediatamente tornarem-se especialistas em Tecnologia da Informação? Em mineração de dados? Conhecerem profundamente todos os termos que estão surgindo com esta chamada nova revolução industrial?

Não. Significa que este profissional deve conhecer os conceitos e aplicações, e principalmente estar aberto à estas tecnologias e metodologias, desenvolver uma flexibilidade cognitiva. Uma certa especialização virá com o tempo, com os casos concretos.

Em alguns países e no Brasil, a AI já vem sendo utilizada para melhorar a produtividade, atender melhor o cliente, medir riscos, pesquisar. E sem dúvida nos próximos anos este mercado vai se desenvolver mais, cabendo aos gestores legais, e aos operadores do direito a melhor utilização destas ferramentas.

E como fazer isto em meio ao trabalho sempre emergencial de uma Controladoria Jurídica?

Sugerimos, se possível, criar dentro da Controladoria Jurídica um núcleo de inovação, com reuniões periódicas, para o levantamento, conhecimento, e aplicação destas novidades do mercado voltadas para a sua operação jurídica. Conhecer, nem que no início de forma um pouco superficial, a ciência de dados aplicada aos serviços jurídicos. Estas reuniões podem ser em formato de Sprints de Inovação, para buscar novas ferramentas e fornecedores, definir o escopo de projetos, prototipar e planejar os passos, em um plano de ação constante.

Conhecer a utilização da ciência de dados e inteligência artificial também voltada para o direito. Para, em um futuro próximo, as diferenças neste país continental diminuam, uma vez que hoje temos em um lado, escritórios que já utilizam há anos a ciência de dados e em outro extremo, operadores do direito que desconhecem completamente qualquer novidade tecnológica, e ainda possuem certa resistência, não acreditando no potencial que este novo mundo pode trazer para o seu escritório, para o jurídico de sua empresa, e consequentemente para a sua qualidade de vida.

Certamente os profissionais que estão hoje nas faculdades e universidades são as pessoas que vão operacionalizar todas esta podemos chamar de “transição”, para certamente melhorar a rotina jurídica, trazendo o tempo necessário para os operadores do direito se debruçarem no que entenderem mais estratégico. As pesquisas de jurisprudência, a Jurimetria, a estatísticas, talvez parte do atendimento ao cliente, o famoso “como está o meu processo? ”, possa sim ser feito pela Inteligência Artificial. E cada vez de uma forma muito evolutiva e rápida.

 

Desta forma, na prática, cabe aos profissionais desta geração estarem abertos ao conhecimento, desenvolvimento e aplicação das novas ferramentas, da tecnologia das lawtechs, sempre com ética, de acordo com a legislação que está se positivando com o intuito de valorizar o profissional. Tecnologia e inovação para valorizar o trabalho humano, caminhando lado a lado. Em uma verdadeira curva acentuada de adoção tecnológica.

Mais uma vez, verificamos que os conceitos e exemplos apresentados vão se interligando e fazendo todo o sentido. Lembrando que cada vez mais o profissional que está hoje estudando a gestão legal, irá sim encontrar muitos desafios, e deve ter o conhecimento técnico para poder de forma empírica provar que a inovação e a tecnologia vieram para ficar e para melhorar o trabalho do profissional. Este profissional, consequentemente torna-se um estudioso crítico de obras e artigos a respeito dos temas, característica imprescindível para a formação do profissional do futuro.